quarta-feira, 7 de julho de 2010

PARAUAPEBAS - MA

Você sabia que existe uma cidade maranhense fora do Maranhão?

A pergunta perece incoerente, mas, sim, esta cidade existe, é Parauapebas no Sudeste do Pará. A cidade que hoje tem pouco mais de 20 anos, nasceu com o início da exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás. Como a estrada de ferro usada para levar o minério até o porto de itaqui em São Luís corta o Maranhão quase ao meio, é natural que os maranhenses usassem este caminho para ir em busca de emprego, uma tendência praticamente natural de que nesse estado nordestino: deixar sua terra atrás de trabalho e renda.

A presença maranhense na cidade é tão forte que influencia desde a alimentação até o sotaque, o gosto musical...

Parauapebas tem cerca de 110 mil habitantes. Não há nenhuma pesquisa oficial, mas pelo menos 80% desse total se dizem maranhenses. São pessoas que vieram principalmente da região do Vale do Pindaré, da Baixada e do sertão maranhense. Mas o que para algumas pessoas é motivo de admiração, para quem tem uma visão mais crítica das coisas, o fato de existir uma cidade de maranhenses fora do nosso território é uma prova do descaso dos nossos governantes com seu povo.

Os filhos da terra das palmeiras só saem de suas cidades, deixando para trás parentes e amigos, porque aqui falta os tão sonhados empregos. Uma outra constatação triste é que mesmo conseguindo os empregos, que precisam ir tão longe procurar, os trabalhadores maranhenses sempre ficam em funções subalternas, cabe a eles o serviço pesado ou aquelas funções que exigem menos qualificação. Nas grandes empresas o máximo que eles conseguem ser é motoristas ou operadores de máquinas. As funções de engenheiro, técnico de informática, etc...ficam para os mineiros, goianos, paulistas e cariocas. Geralmente os empregos que sobram para os maranhenses rendem salários que chegam no máximo a 1.500 reais brutos. Isso numa cidade de custo de vida altíssimo, onde o aluguel de uma kitnet de um quarto custa em média 400 reais, é sinônimo de uma vida apertada.

O pior de tudo é ver que muito pouco ou quase nada está sendo feito para evitar que esse êxodo maranhense continue se repetindo geração após geração. Este ano, por exemplo, a Vale iniciou a construção de uma indústria para beneficiar parte do minério extraído da serra dos Carajás. A cidade escolhida bem que poderia ter sido Santa Inês, pela sua tão propagada localização geográfica, mas não, a escolha foi por Marabá no Pará e o governo Paraense usou sua influência para incluir no projeto uma cláusula que exige que para ser contratado o trabalhador tenha nascido ou more há pelo menos 12 anos no Pará. Uma forma clara de evitar que os maranhenses fiquem com as vagas.

O que Marabá tem de diferente de Santa Inês para ter sido escolhida para o empreendimento da Vale? Talvez os nossos políticos possam responder.

Um comentário:

  1. Caro colega, isso acontece porque o nosso estado é dominado pela política e políticos que fizeram dele um curral eleitoral, o que nos envergonha e faz com que cada maranhense de bom censo levante uma bandeira pela libertação e a melhoria da educação do nosso povo. Só assim podemos mudar essa história!!
    Parabéns pelo artigo, ele reflete uma triste realidade maranhense.

    Gilciléa Marques

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