terça-feira, 15 de novembro de 2011

O BABAÇU ADOÇA A VIDA DO MARANHENSE POBRE


Para contar essa história primeiro preciso falar de cerveja. Calma! Eu explico: dizem que homem não chora, mentira! choramos sim, mas não gostamos de demonstrar nossas fraquezas, mas homem quando toma cerveja fica sensível, e até aqueles que não gostam muito de conversar, às vezes soltam a língua, contam suas histórias, falam dos sofrimentos que passaram. Pois bem, sou maranhense e moro numa cidade do Pará, onde 80% da população é maranhense. Outro dia tomando cerveja na casa de amigo, um jovem humilde, que trabalha nas proximidades e nos fazia o favor de ir comprar mais cerveja quando acabava, se aproximou de mim e começamos a dividir algumas latinhas. Logo, pelo sotaque nos reconhecemos maranhenses/conterrâneos, ele de Coelho Neto eu de Santa Inês, à medida que o papo foi fluindo o jovem dos seus 20 e poucos anos insistia em falar de sua infância pobre, passei a ouvir, então ele começou a me contar que na infância ajudava a mãe adotiva a catar e quebrar cocos babaçu. Depois de um dia de trabalho, rachando os duros frutos das palmeiras no gume de um machado com o apoio de um pedaço de madeira, ela conseguia no máximo dois quilos de amêndoas de babaçu. Então no fim da tarde o menino e uma irmã, também criança, iam pra “quintanda” vender, chegando lá o dono do comércio, além de não querer pagar um preço justo, ainda os tratava mal e pra não voltar pra casa com os côcos e sem dinheiro pra comprar comida, eles trocavam os côcos por açúcar. Foi o rapaz dizendo isso e às lágrimas lhe escorrendo pelo rosto. E ele repetiu pelo menos umas 3 vezes: trocava por açúcar, trocava por açúcar, trocava por açúcar...(isso porquê o açucar é mais fácil de trocar por outros produtos)E eu, como maranhense que sou, também “merejei os ói” também me vieram lágrimas aos olhos, e ele me encarou com um olhar de quem me questionava o porquê das lágrimas e eu expliquei que quando criança eu também catei babaçu, também quebrei babaçu, eu também ia vender babaçu no final da tarde. Eu já sabia que dessa palmeira tão abençoada da amêndoa se tira o leite, o azeite, a farinha e farelo se joga pras galinhas, da casca se faz o carvão, com as palhas se cobrem as casas, se fazem paredes e o caule, mesmo depois de podre, serve como adubo, mas não sabia que em algumas partes do Maranhão o babaçu adoça a vida amarga de muitas famílias pobres.

UM MARANHENSE QUALQUER

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

OS EFEITOS DO JEITINHO BRASILEIRO

A explosão restaurante Filé Carioca, no Rio de Janeiro, é um dos efeitos catastróficos do jeitinho brasileiro. O dono do restaurante é um dos principais culpados pelo acidente, mas com certeza não é um bandido. O simples fato de ter um restaurante e não mexer com tráfico de drogas ou contrabando ou outro tipo de crime, é prova disso, mas a explosão é prova de que ele é adepto do velho jeitinho brasileiro, já que no local foram encontrados mangueiras e cilindros de gás improvisados, alguns até remendados com fita isolante. Agora um homem de bem, que trabalha, tem sua própria empresa e gera empregos e renda, se vê às voltas com a polícia e a justiça, simplesmente por não fazer tudo como mandam a lei e as normas de segurança, simplesmente por optar pelo velho jeitinho brasileiro.
Marrone da dupla sertaneja é outra vítima desse câncer da sociedade brasileira, ela não é bandido, mas pelo fato de ser famoso, encontrou toda facilidade para tirar brevê de piloto helicóptero, sem ter tido sequer uma hora de aula. Agora o cantor está em depressão pela tragédia que causou e o Brasil pode perder um de seus ídolos.

O que precisa acontecer mais para que todo mundo entenda que o jeitinho brasileiro, na verdade é um jeito de complicar as coisas?

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

ERROS NO COMBATE AO CRACK E SUAS CONSEQUÊNCIAS


O crack hoje é uma epidemia no Brasil. Não há uma cidade no país onde a droga não possa ser comprada facilmente.
A presidente Dilma iniciou sua campanha convocando as mães e todos os brasileiros para a luta contra o crack, mas até agora têm sido muito tímidas as iniciativas do governo federal no combate às drogas. Há poucas semanas a Rede Globo mostrou que nossas fronteiras são vulneráveis, faltam homens e equipamentos para evitar a entrada dos traficantes em nosso país. Mas os erros mais graves estão sendo cometidos mesmo é no tratamento dos dependentes, na maioria das cidades os CAP´S, Centros de Atenção Psicossocial, onde os dependentes químicos devem ser tratados, não estão preparados para atende-los. Os pacientes geralmente são tratados sem internação. O tratamento consiste em terapia de grupo uma vez por semana e consulta com psiquiatra ou psicólogo uma vez a cada 15 dias. Os pacientes também recebem remédios controlados(na maioria das vezes tarja preta) e levam para tomar em casa, são remédios para controlar a ansiedade e para dormir, que se usados em excesso podem viciar e causar overdose, muitos pacientes usam os medicamentos nos horários e dosagens errados e às vezes até misturam com álcool e outras drogas. Já há relatos de casos de suicídio usando esses medicamentos.
O processo de desintoxicação, que serve para eliminar a droga do sangue dura no mínimo 15 dias e é feito em hospitais públicos, que também são despreparados para conter esse tipo de paciente durante as crises de abstinência, momento em que os viciados ficam agitados e violentos, muitos simplesmente arrancam a agulha do soro do braço e vão embora e, lógico voltam pras ruas para usar drogas. O governo federal desaconselha a internação à força, mas infelizmente todas as famílias, que sofrem com o flagelo do crack, sabem que dificilmente um viciado que está dominado pela droga, aceita se internar. Quando são internados à força, só depois da desintoxicação é que eles se acalmam e aceitam o tratamento. Prova disso é o depoimento que o ex-jogador Casa Grande deu no Domingão do Faustão. O comentarista da Rede Globo, que viciado em cocaína, foi internado à força, disse que só depois de quatro meses de internação foi que aceitou que era doente e precisava de tratamento.
Muitos viciados até confessam que querem se tratar, mas sozinhos não conseguem. Em muitos casos, mesmo os que querem se tratar, não conseguem prosseguir na terapia se ficarem tendo fácil acesso às drogas, muitas vezes o isolamento é necessário. O INSS também não está preparado para lidar com trabalhadores dependentes químicos, já houve casos de doentes, que estavam internados e com menos de 2 meses de internação foram considerados aptos a voltar ao trabalho, depois de serem examinados por um perito do instituto. Claro que depois de 2 meses de internação um dependente químico está fisicamente apto a voltar ao trabalho, mas psicologicamente está muito longe de estar pronto. O ideal é uma internação de no mínimo seis meses, segundo os especialistas.
Um detalhe que também tem sido esquecido é a “recuperação” dos traficantes. Apesar de a grande maioria deles ser bandidos que não têm mais solução, em vez de simplesmente ficarem presos, eles deveriam ser submetidos a sessões de conscientização, assistindo a documentários, reportagens e filmes sobre os estragos que as drogas causam na sociedade, ouvindo depoimentos de familiares de viciados e pessoas que estão e outras que conseguiram sair do mundo das drogas. Lógico que de 10talvez apenas uns 2 deixassem o tráfico, mas só isso já seria lucro. Os bens comprados com o dinheiro do tráfico deveriam ser confiscados, leiloados e o dinheiro revertido na recuperação dos dependentes. As mansões dos traficantes presos deveriam ser transformadas em centros de recuperação de drogados.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

CUIDADO COM O GERUNDISMO


NÃO SE DEVE COLOCAR GERÚNDIO APÓS UM VERBO NO INFINITIVO.

AQUILO QUE SE DEU O NOME DE GERUNDISMO SE DÁ QUANDO NÓS EM VEZ DE DIZERMOS "VOU FALAR" QUE NARRA ALGO QUE VAI OCORRER A PARTIR DE AGORA DIZEMOS "VOU ESTAR FALANDO" QUE SE REFERE A UM FUTURO EM ANDAMENTO - "ESTAR" DÁ IDÉIA DE PERMANÊNCIA NO TEMPO. É NO MÍNIMO FORÇADO FALAR DE UMA AÇÃO ISOLADA, QUE SE CONCLUIRIA NUM ATO, COMO SE FOSSE CONTÍNUA. QUANDO RESPONDEMOS AO TELEFONE "VOU ESTAR PASSANDO O RECADO", FORÇAMOS A BARRA PARA QUE O RECADO, QUE POTENCIALMENTE TEM TUDO PARA SER DADO, NÃO TENHA MAIS PRAZO DE VALIDADE.
MAS, A LOCUÇÃO "VOU ESTAR + GERÚNDIO" É CORRETA QUANDO COMUNICA A IDÉIA DE UMA AÇÃO QUE OCORRE NO MOMENTO DE OUTRA. A SENTENÇA "VOU ESTAR DORMINDO NA HORA DA NOVELA" É ADEQUADA AO SISTEMA DA LÍNGUA, ASSIM COMO QUANDO HÁ VERBOS QUE INDIQUEM AÇÃO OU PROCESSO DURADOUROS E CONTÍNUOS: "AMANHÃ VAI ESTAR CHOVENDO" OU "AMANHÃ VOU ESTAR TRABALHANDO O DIA TODO", POR EXEMPLO.

O GERUNDISMO VEIO DE TRADUÇÕES AO PÉ DA LETRA DO INGLÊS. ONDE NÃO LEVARAM-SE EM CONSIDERAÇÃO AS FORMAS GRAMATICAIS CORRETAS JÁ EXISTENTES NA NOSSA LÍNGUA PORTUGUESA, QUE É O FUTURO DO PRESENTE DO INDICATIVO. COMO ESSA MANIA POPULAR SE DIFUNDIU AMPLAMENTE, AS PESSOAS TENDEM A PENSAR QUE ESTÁ CORRETO DEVIDO AO FATO DE TODOS UTILIZAREM ESSA FORMA, POR MAIS QUE INCONSCIENTEMENTE. TODAVIA, O GERUNDISMO É UM ERRO GRAMATICAL NA LÍNGUA PORTUGUESA.

SEGUE ABAIXO UM TEXTO EXTRAÍDO DO BLOG DO PROFESSOR PASQUALE:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u362760.shtml

Há alguns dias, um jogador do Santos deu entrevista à rádio Jovem Pan. Trata-se de rapaz letrado, bem-falante, de classe média alta, que estudou em bons colégios. Feliz com sua atuação, o jovem atleta ofereceu os gols à mãe. "Mande-lhe uma mensagem", propôs o radialista. O jogador declarou seu amor à genitora e disse: "Desculpe, mãe. Seu aniversário foi ontem, mas eu não pude estar comparecendo à festa".
"Não pude estar comparecendo" é de lascar. Que tal "Não pude comparecer"? Simples e indolor, não? É isso. Cuidado com modismos lingüísticos. Esse cacoete já passou da fala e já freqüenta a língua escrita, com ares de coisa boa. Fuja disso!

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

AS CORES DAS FLORES



Muita gente anda confundindo as tintas ou melhor as cores quando se trata de Ipê. Costumamos chamar aquele tipo de Ipê que não é amarelo nem branco, de “roxo”, é aí que está o engano, na verdade, não existe Ipê roxo, existe sim Ipê rosa, quando muito, lilás, mas nunca roxo. (essa foto aí, mais abaixo, lógico, é o jacarandá)
A confusão acontece, inclusive entre alguns botânicos, porque existe no cerrado e lá pras bandas do sul do país, uma árvore chamada Jacarandá Mimoso, que assim como o Ipê , entre os meses de junho e setembro, perde todas as folhas e se torna um enorme buquê, que varia entre o roxo e o azul marinho, e as flores têm formato praticamente igual ao das do Ipê. Para se tirar a prova basta olhar uma dessas árvores fora do período de floração. Diferente do Ipê o Jacarandá Mimoso tem as folhas divididas em várias outras folhas miúdas, parecidas com as do Flamboyant.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

HERÓIS E BANDIDOS

HERÓIS E BANDIDOS

No Fantástico de um certo domingo chamou atenção um detalhe da entrevista do rapaz que salvou a vida de um bebê, jogado no lixo pela própria mãe, uma usuária de drogas. O jovem dizia que para ser herói não precisa ter super-poderes e citou Batman como exemplo. É verdade, Batman não tem super-poderes, mesmo assim é um dos mais importantes membros da Liga da Justiça, mas infelizmente Batman só existe nos quadrinhos e na TV e mais infelizmente ainda: existem poucos heróis comuns como este rapaz que salvou aquele bebê. O motivo é que hoje quase não se lêem mais revistas em quadrinhos. E assim como quase não se vêem mais boas revistas em quadrinhos, hoje já não fazem mais heróis na TV como antigamente. Se perguntarmos a uma criança de seis anos quem é He-man, dificilmente ela saberá responder. Adan, o príncipe de Etérnia, que depois de erguer sua espada e gritar “eu tenho a força” se transformava no homem mais poderoso do universo, He-man, sempre terminava suas aventuras nos dando uma bela lição de vida, nos ensinando a discernir o certo do errado, e que o bem vence o mal. He-man, o maior herói dos anos 80, em um determinado episódio entrou em crise existencial e abriu mão dos seus poderes, simplesmente porque pensou ter matado um homem acidentalmente, já hoje os “heróis” da TV matam sem pensar e sem crises depois. Antigamente, depois de assistir a um episódio de He-man na TV ninguém queria ser o Esqueleto, nem de brincadeira, hoje assistindo aos desenhos fica difícil até identificar quem é mocinho e quem é bandido. Talvez por isso muitos jovens prefiram ser bandidos. Talvez por isso quando alguém acha uma bolsa cheia de dinheiro e devolve ao dono vira notícia no Jornal Nacional e é destaque do Domingão do Faustão, quando na verdade isso deveria ser regra e não exceção e o que é mais triste, muitas pessoas que assistem ainda chamam de otário quem devolve uma bolsa cheia de dinheiro.

Hoje muitos pais, quando vêem um filho seguir pelo caminho errado se perguntam onde foi que erraram e se esquecem de que em vez de apresentar bons heróis aos filhos, de serem os heróis dos filhos, eles muitas vezes os incentivaram para o crime. O que pode esperar de um filho um pai que aluga um filme pirata para a família assistir? O que deve esperar de um filho um pai que dá de tudo ao filho, fazendo com que ele acredite que dinheiro nasce em árvore? O que pode esperar de um filho um pai que no carro não põe o cinto, não para na faixa de pedestre e ainda xinga os outros motoristas? O que pode esperar de um filho um pai que vota em maus políticos e que torce e expressa admiração por atletas mau-caráter?

Certamente não pode esperar um herói.