segunda-feira, 30 de maio de 2011

HERÓIS E BANDIDOS

HERÓIS E BANDIDOS

No Fantástico de um certo domingo chamou atenção um detalhe da entrevista do rapaz que salvou a vida de um bebê, jogado no lixo pela própria mãe, uma usuária de drogas. O jovem dizia que para ser herói não precisa ter super-poderes e citou Batman como exemplo. É verdade, Batman não tem super-poderes, mesmo assim é um dos mais importantes membros da Liga da Justiça, mas infelizmente Batman só existe nos quadrinhos e na TV e mais infelizmente ainda: existem poucos heróis comuns como este rapaz que salvou aquele bebê. O motivo é que hoje quase não se lêem mais revistas em quadrinhos. E assim como quase não se vêem mais boas revistas em quadrinhos, hoje já não fazem mais heróis na TV como antigamente. Se perguntarmos a uma criança de seis anos quem é He-man, dificilmente ela saberá responder. Adan, o príncipe de Etérnia, que depois de erguer sua espada e gritar “eu tenho a força” se transformava no homem mais poderoso do universo, He-man, sempre terminava suas aventuras nos dando uma bela lição de vida, nos ensinando a discernir o certo do errado, e que o bem vence o mal. He-man, o maior herói dos anos 80, em um determinado episódio entrou em crise existencial e abriu mão dos seus poderes, simplesmente porque pensou ter matado um homem acidentalmente, já hoje os “heróis” da TV matam sem pensar e sem crises depois. Antigamente, depois de assistir a um episódio de He-man na TV ninguém queria ser o Esqueleto, nem de brincadeira, hoje assistindo aos desenhos fica difícil até identificar quem é mocinho e quem é bandido. Talvez por isso muitos jovens prefiram ser bandidos. Talvez por isso quando alguém acha uma bolsa cheia de dinheiro e devolve ao dono vira notícia no Jornal Nacional e é destaque do Domingão do Faustão, quando na verdade isso deveria ser regra e não exceção e o que é mais triste, muitas pessoas que assistem ainda chamam de otário quem devolve uma bolsa cheia de dinheiro.

Hoje muitos pais, quando vêem um filho seguir pelo caminho errado se perguntam onde foi que erraram e se esquecem de que em vez de apresentar bons heróis aos filhos, de serem os heróis dos filhos, eles muitas vezes os incentivaram para o crime. O que pode esperar de um filho um pai que aluga um filme pirata para a família assistir? O que deve esperar de um filho um pai que dá de tudo ao filho, fazendo com que ele acredite que dinheiro nasce em árvore? O que pode esperar de um filho um pai que no carro não põe o cinto, não para na faixa de pedestre e ainda xinga os outros motoristas? O que pode esperar de um filho um pai que vota em maus políticos e que torce e expressa admiração por atletas mau-caráter?

Certamente não pode esperar um herói.

Nenhum comentário:

Postar um comentário